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Boletim Eletrônico da Executiva
Nacional da CUT |
Nº 100 |
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Secretaria Nacional de Comunicação |
03/04/
2002 |
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Executivo recua e retira urgência do projeto que
altera CLT |
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O líder do governo no Senado
Federal, Arthur da Távola (PSDB/RJ), leu ontem, da Tribuna do
Senado, comunicado do presidente Fernando Henrique Cardoso,
oficializando a retirada do regime de urgência da votação do
Projeto de Lei que flexibiliza os direitos trabalhistas.
Agora, a pauta de votação da casa está liberada, já que o
regime de urgência trancava as votações no Senado, desde que o
prazo limite para a votação estourou, dia 26 de
março.
O Projeto de Lei de
autoria do Ministro do Trabalho, Francisco Dornelles, foi
aprovado na Câmara, dia 4 de dezembro, após três tentativas. A
CUT decidiu deflagrar manifestações nacionais, inclusive com
paralisações, no dia 21 de março deste ano, avaliada como uma
excepcional vitória pela direção nacional da CUT, às vésperas
da votação no Senado. Por outro lado, a crise política na
aliança de sustentação do governo e o risco do desgaste que os
senadores-candidatos poderiam sofrer caso aprovassem um
projeto impopular forçaram o governo a recuar. O líder do
governo, Arthur da Távola, que momentos antes, havia recebido
o presidente nacional da CUT, João Felício, para discutir o
assunto, alegou um acordo feito entre parlamentares da
situação e da oposição que, segundo ele, agilizou as votações
para a prorrogação da CPMF.
João Felicio foi à
Brasília para entregar ao governo o resultado da vitoriosa
mobilização do dia 21 e pedir a imediata retirada da urgência.
Uma hora depois, Arthur da Távola convidaria Felicio a
acompanhar a leitura do comunicado de FHC. "Foi uma vitória do
sindicalismo independente e uma derrota do sindicalismo chapa
branca", disse Felicio, ao referir-se às cúpulas da Força
Sindical e da SDS que apoiaram, desde o início, o Projeto de
Lei. Felício reafirmou, também, que é favorável modernizar
as relações de trabalho no Brasil. No entanto, disse que a CUT
não concorda em jogar fora "conquistas sociais" respeitadas
pelo povo brasileiro. "Mexer na CLT exige um debate cuidadoso
e responsável para não piorar ainda mais os indicadores
sociais em nosso país", afirmou.
Toda atenção é
pouco
O secretário geral
da CUT, Carlos Alberto Grana (foto), recebeu a notícia do
recuo do governo com euforia, mas faz um alerta "todo o
cuidado é pouco". O regime de urgência caiu, mas o projeto
ainda não. A matéria deve voltar logo após as eleições de
outubro. Grana afirmou que, embora o Executivo tenha recuado,
a CUT manterá firme a campanha de denúncia dos deputados que
votaram favoravelmente ao Projeto de Lei que retira os
direitos trabalhistas. "Significa dizer que nunca as próximas
eleições tiveram tanta importância para os trabalhadores,
porque se esse Projeto voltar o ano que vem, será apreciado
por um novo Congresso, o que aponta para nós um trabalho
profundo e decidido para a renovação das casas legislativas",
disse o secretário geral cutistas.
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Pelo fim da guerra do Oriente
Médio |
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A Central Única dos
Trabalhadores, em nome dos 21 milhões de trabalhadores que
representa, vem a público manifestar sua preocupação com a
crescente deterioração da situação no Oriente Médio e condenar
toda e qualquer forma de violência, principalmente onde
milhares de inocentes perdem suas vidas.
Há que se por
um fim a essa estúpida guerra, unanimemente condenada pela ONU
e pelos povos de todo o mundo. O diálogo deve se sobrepor à
violência como forma de solução de conflitos
Da mesma
maneira que o Estado de Israel é um direito de seu povo,
entendemos que os palestinos têm o direito ao seu Estado,
soberano e com autodeterminação.
Consideramos que a
imediata retirada das tropas israelenses do território ora
ocupado é o início da construção de um processo de paz na
região e um sinal inequívoco de proteção à vida do dirigente
máximo do povo palestino, Yasser Araft.
João
Antonio Felicio Presidente Nacional Central Única dos
Trabalhadores
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O maior 1º de Maio da história da
CUT |
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"Em defesa dos
direitos dos trabalhadores, a CUT comemora o 1º de Maio com
você na sua região"
A CUT, mais uma
vez, irá inovar nas comemorações do 1º de Maio. Ao invés de
realizar apenas um ato centralizado que envolva o conjunto da
militância, em São Paulo, o 1º de Maio de 2002 tomará conta de
toda a cidade, além, é claro, de ser realizado,
tradicionalmente, em todas as capitais dos Estados e nos
principais municípios do país. A expectativa é muito
grande.
A CUT espera
concentrar, só em São Paulo, perto de 300 mil pessoas
espalhadas pelos dez atos programadas que acontecerão na
periferia da cidade, como em Capão Redondo e Cidade Ademar
(Zona Leste), Cidade Tiradentes (Zona Leste) ou em Nova
Cachoeirinha (Zona Norte). Haverá atos também na Grande São
Paulo.
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Para CUT salário mínimo deveria ser, pelo menos, R$
300,00
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O presidente nacional da CUT,
João Felico, cobrou, ontem, em Brasília, a promessa de
campanha do presidente Fernando Henrique Cardoso de equiparar
o valor do salário mínimo, até o final de seu mandato, a U$
100. O mandato de FHC termina em dezembro próximo e o valor
anunciado, até agora, é de R$ 200,00 (U$ 87,33).
Felicio informou
que a Central deve apresentar neste mês um projeto ao
Congresso defendendo um salário mínimo de pelo menos R$
300,00. Este valor é a média do piso adotado pelos países do
Mercosul (no Paraguai e no Uruguai o mínimo é de R$ 299,00). O
Brasil é a 12ª economia do mundo e mais de 20 milhões de
trabalhadores recebem salário mínimo no país. "No nosso 1º de
Maio vamos denunciar essa vergonha nacional em todo o país",
finalizou o presidente da CUT.
Ação no STF
O PT e a Ordem dos
Advogados do Brasil, OAB, preparam uma ação no Supremo
Tribunal Federal, STF, contra a Medida Provisória que institui
o salário mínimo a R$200,00.
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A ERA FHC E AS ELEIÇÕES: Gastos sociais
diminuíram
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Segundo informações do SIAFI
(sistema de controle de gastos do governo federal), os gastos
com saúde e saneamento, educação e cultura, trabalho e
assistência e previdência social, que em 1995 representaram
61,8% das receitas correntes, caíram para 53,9% em 2001.
Educação foi o setor mais afetado, com redução 15,5% no
período - caiu de R$ 14,1 bilhões para R$ 11,9
bilhões. Saúde e Saneamento O orçamento de saúde e
saneamento ficou praticamente estagnado, com crescimento de
apenas 5% no período, incluindo a CPMF (Contribuição
Provisória sobre Movimentação Financeira), criada para ampliar
os recursos do setor. Em 1995 o setor recebeu, em valores
corrigidos, R$ 22,7 bilhões. Em 1996 os recursos caíram para
R$ 19,4 bilhões, voltando a subir para R$ 22,3 bilhões no ano
seguinte e chegando a R$ 23,9 bilhões no ano
passado. Com assistência e previdência social o gasto
ficou estagnado em 40% da receita corrente. Em 1995 foram
destinados para o setor 40% da receita, e em 2001,
39%. Produto Interno Bruto Também em relação ao
PIB (Produto Interno Bruto) o governo reduziu o percentual de
gastos com a área social. Enquanto em 1995, os recursos para
saúde e saneamento corresponderam a 2,3% do PIB, em 2001
alcançaram apenas 2%. Já para educação e cultura os recursos
caíram de 1,4% para 1% do PIB, no mesmo
período. Desemprego O levantamento mostra ainda
aumento de gastos com seguro-desemprego. Em 1995, do total de
R$ 5,7 bilhões do orçamento para a área do trabalho, 46% foram
utilizados com os desempregados. No ano passado o setor
recebeu R$ 7,4 bilhões, dos quais 65% foram para o
seguro-desemprego.
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Pela democratização da UFRJ
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A CUT e as entidades ligadas à
educação estão apoiando a indicação do Professor Dr. Carlos
Lessa (foto) como reitor da UFRJ. Eleito com 85% dos votos, o
professor goza da mais alta estima entre aqueles que atuam na
área da educação, sempre demonstrando compromisso com a luta
pela democratização e autonomia da universidade
brasileira.
A central e os
educadores querem evitar que o ministro da Educação, Paulo
Renato Souza, repita a "intervenção" que fez na UFRJ, em 1998,
ao nomear o último colocado na lista de
preferências.
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Meio Ambiente: recomendações ao PREPCOM
III
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O Fórum Brasileiro de ONGs e
Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
Sustentável, coordenado pela CUT, reuniram-se, dia 20, para
definir as propostas e recomendações do Fórum para
encaminhá-las ao Comitê Preparatório (PREPCOM III), que se
reúne até o dia 5 de abril, em Nova York, EUA, visando a
Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, que
será realizado, no segundo semestre de 2002, na África do
Sul.
São cinco as
propostas e ou recomendações:
1. Que a superação
das desigualdades sociais sejam articuladas com a
sustentabilidade ambiental;
2. Que a delegação
brasileira se empenhe em discutir o aprimoramento dos fundos
internacionais e de mecanismos de financiamento que propiciem
a superação das desigualdades;
3. Que a delegação
se empenhe em discutir a redução do impacto das dívidas
externas dos países sobre a sustentabilidade
socio-ambiental; 4. Que haja atenção nas discussões para o
resgate dos acordos e convenções assinados durante a Rio 92
e;
5. Que a delegação
discuta a reforma das instituições e sistemas multilaterais
(Banco Mundial, FMI e os bancos internacionais de
desenvolvimento regional e os programas e agências do sistema
da ONU).
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Policiais envolvidos no massacre de Eldorado dos
Carajás vão a julgamento
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Está marcado para o próximo dia 8
de abril um novo julgamento dos 149 policiais envolvidos no
massacre dos 19 trabalhadores sem-terra, em Eldorado dos
Carajás, PA, em 1995. Os advogados de acusação estão
preocupados. Só depois de muito esforço, conseguiram
reintegrar ao processo o laudo do perito da Unicamp, Ricardo
Molina, sobre as imagens do confronto.
O Tribunal de
Justiça reconheceu o direito da acusação em anexar novamente
essa importante prova, retirada inexplicavelmente pela juíza
Eva do Amaral Coelho. O laudo demonstra que foram os policiais
que iniciaram o tiroteio. No laudo feito por Molina é possível
até identificar a primeira vítima, o agricultor Amâncio
Rodrigues. Segundo ele, os agricultores só avançaram em
direção à PM para resgatar o primeiro ferido.
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CUT e Fiesp aprovam Comissão de
Conciliação
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A Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT e a Fiesp
aprovaram, ontem, a criação de uma Comissão Intersindical de
Conciliação Prévia. Participarão 9 sindicatos patronais e 11
sindicatos de trabalhadores que negociarão em quatro
comissões.
Diferentemente das alterações no
artigo 618 da CLT proposto pelo Ministro do Trabalho,
Francisco Dornelle, e apoiado pela Força Sindical, o acordo
não retira, mas amplia os direitos dos trabalhadores, a partir
do que a Lei já garante.
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Lula sobe para 30%, segundo Vox
Populi
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Pesquisa do Instituto Vox Populi, encomendada pelo
PSDB, realizada dias 27 e 28 de março, em 114 cidades em todo
o país, trás Lula com 30% das intenções de voto, 4 ponto a
mais do que tinha na pesquisa passada (20 de março). O
candidato do governo, José Serra, caiu um ponto. Roseana e
Garotinho estão empatados tecnicamente. O programa de
televisão do PT começa a ser exibido na semana que vem. Para
32% da população, Lula vai ganhar as eleições, 20% acreditam
em Serra.
| Lula |
30% |
| Serra |
19% |
| Roseana |
14% |
| Garotinho |
14% |
| Ciro |
8% |
| Enéas |
2% |
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PT exige do TSE suspensão da campanha dos "8
anos"
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O Partido dos Trabalhadores ingressou, dia 1 de abril,
com ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em que exige a
suspensão imediata da propaganda oficial do governo federal
sobre supostos avanços nas áreas sociais. As peças,
denominadas "Uma nova era", apresentam o slogan "Brasil, 8
anos construindo o futuro" ao lado da nova logomarca do
"Governo do Brasil" e têm entre os protagonistas financiadores
da campanha de reeleição de Fernando Henrique Cardoso.
Um deles é do empresário Jorge
Gerdau, que contribuiu com R$ 600 mil em dinheiro, em 98. No
mesmo dia o total de doações para a campanha tucana chegou a
R$ 1,25 milhão, quase o mesmo valor encontrado nos cofres da
empresa Lunus, de propriedade da governadora do Maranhão,
Roseana Sarney (PFL), e de seu marido, Jorge Murad.
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ARTIGO - A CLT e a
modernidade
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A alteração do artigo 618 da
CLT,
proposta pelo governo, é uma armadilha ao trabalhador. Aceitar
a tese de que a alteração trará modernidade às relações
capital e trabalho, em contraposição a uma suposta relação
arcaica é distorcer os fatos e escamotear a questão.
Não se trata da oposição de uma
pela outra, como querem fazer crer a Força Sindical, porque a
discussão está errada. Num país em que a maioria não usufrui
dos direitos sociais previstos em lei, vale a pergunta: o que
é arcaico e o que é moderno? Moderno, num país de analfabetos,
epidemias, concentração excessiva da renda e da terra, de
milhões de desempregados e outros tantos vivendo abaixo da
linha de pobreza, não seria, como se costuma dizer, o
trabalhador fazer três refeições ao dia, ter emprego e
salários decentes, ter filhos numa boa escola e com saúde?
Evidente que sim. Mas não é o caso do Brasil. Os índices de
desigualdade social coloca o país com a quarta pior
distribuição de renda do mundo, superando apenas Suazilândia,
Nicarágua e África do Sul.
Moderno não seria um mercado de
trabalho consolidado, sem sonegação à Previdência? Não seria o
respeito absoluto às normas, tratados, convenções e acordos
nacionais e internacionais? Não seria a inexistência do
trabalho infantil e escravo? Não seria o pagamento de salários
iguais para funções iguais, independentemente do sexo ou da
raça das pessoas? Não seria a total liberdade de organização
dos sindicatos, sem financiamentos obrigatórios e
compulsórios? Qualquer pessoa bem intencionada diria que sim.
Mas no Brasil, não é essa a realidade. O desemprego cresceu no
governo Fernando Henrique de 14,6% para 16,6%, em 2001. A
informalidade também cresceu de 44,4% do total de ocupados, em
1993, para 47,3%, em 2001. Em apenas dois anos (1998-2000) o
número de trabalhadores sem carteira de trabalho cresceu de
23,5% para 25,5% (PME/IBGE).
Por outro lado, o que seria
arcaico? Não seria o raciocínio do presidente da Força
Sindical, Paulo Pereira da Silva, que não vê problemas da
mulher tirar dois meses de licença maternidade e vender dois
para o patrão? Arcaico não seria o país ter 54% dos seus
trabalhadores sem 13º? Ou 55% deles sem direito às férias
remuneradas? Ou ainda, que 8 milhões de pessoas recebem meio
salário mínimo por mês (R$ 90)?. Não seria absolutamente
arcaico a proposta do governo e da Força Sindical do
trabalhador abrir a mão de seus direitos em benefício dos
empresários, dos banqueiros e dos grandes fazendeiros deste
país?
A nossa
modernidade?
Senhores, a discussão é mais em
baixo! A modernidade que a CUT deseja é a geração de empregos,
a redução da informalidade e o crescimento sustentado. Para
isso, é necessário uma nova política econômica, tributária e
de crédito, políticas industriais, tecnológicas, agrícolas,
agrária e de desenvolvimento regional e local.
A modernidade que queremos é a
adoção de uma nova estrutura sindical realmente
representativa. Inclua-se nesse debate o fim da sexagenária
CLT e todos os entulhos que ainda restam na legislação
trabalhista no país, em troca da transição para um sistema
democrático de relações do trabalho que também garanta,
definitivamente, nossos direitos.
Achar que o trabalhador sairá
ganhando e seu respectivo sindicato fortalecido ao negociar a
suas férias, o seu 13º salário, a sua licença-maternidade ou
paternidade, o seu descanso semanal remunerado ou a sua
sagrada hora de almoço em função da conjuntura é tratar com
desdém a inteligência e o bom senso das pessoas. É
exatamente isso que o governo quer. Que você acredite na boa
vontade dos empresários em não colocar uma faca em seu pescoço
e condicionar o seu emprego, aos seus direitos. Ou alguém
acredita que as discussões com os empresários serão mesmo
baseadas na negociação dos direitos somente se os
trabalhadores concordarem, se não valerá a Lei? Que Lei,
cara-pálida, se o projeto do Dornelles e do Paulinho, uma vez
aprovado, desobrigará o patrão a cumprir o artigo 618 da CLT?
João
Felicio, é presidente nacional da
CUT
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